Marcelo Freixo.
Assista ao pronunciamento de Freixo aqui ou leia abaixo:
“Estou entrando com mais um pedido de CPI para analisar todos os
contratos da Delta. Vamos ver quem assina e quem não assina. (…) E é
muito importante que esta Casa faça isso porque o Sr. Cavendish, em uma
das gravações, diz: “Se eu botar 30 milhões nas mãos de um político, sou
convidado para coisa à beça.” Não foi “à beça” que ele falou, não. Isso
quem diz é o Sr. Cavendish. Quero saber o seguinte: ele botou 30
milhões na mão de alguém, ou um pouco mais, para ser convidado para
jantar em Paris ou não? Quem diz que corrompe político é o Cavendish, o
mesmo tão amigo do Governador. Então, precisamos saber se é um caso só
de amizade ou se é um caso evidente de corrupção”, disse Marcelo Freixo.
Leia mais abaixo:
“Sr. Presidente, Srs. Deputados, hoje (2/5), me parece que o
microfone não está sendo muito disputado: tem pouca gente para falar.
Não sei por quê. Muitas coisas deveriam ser explicadas, mas pouca gente
presente para falar no dia de hoje.
Sr. Presidente, tem sapato que é luxuoso, caro, mas que dá um calo, que
vou contar uma coisa: o calo é doído em alguns sapatos e não há
esparadrapo ou band aid que resolva, porque ele vai ficar doendo.
Sr. Presidente, tenho muitos questionamentos sobre a crise política que o
Rio de Janeiro se encontra neste momento. Antes de tudo, eu estive
lendo atentamente o site da Delta Construções - não sei se os poucos
Deputados presentes sabem – que fez um comunicado com 11 pontos, mas o
que me interessa é o ponto 2 em que diz: “ Infelizmente a Delta
Construções foi envolvida nesses lamentáveis episódios por atos de um
diretor da empresa, afastado no dia 08 de março de 2012, até então
responsável pela diretoria Centro-Oeste. Tais atos, que se tornaram
públicos através da imprensa, eram inteiramente desconhecidos da
administração dessa empresa por seus acionistas”.
Francamente, não sei o que os diretores da Delta pensam, mas certamente
nos têm como idiotas. Quer dizer que o único problema envolvendo a Delta
são os escândalos pessoais envolvendo um acionista, se esquecendo de
dizer que esse acionista é o dono da Delta. Esse pequeno acionista é só o
dono da empresa, e como se o problema do dono da empresa fossem os
guardanapos na cabeça, não fossem os contratos sem licitação, não fosse o
superfaturamento de obras, como se não fosse o grande problema, não a
sua bebedeira, ou a sua breguice parisiense, mas, não, como se não
fossem os aditivos milionários dos contratos, há tanto tempo no Rio de
Janeiro.
O problema não está na postura pessoal do empresário, aliás, a postura
pessoal mais condenável é do homem público, é do Governador e dos seus
Secretários, não do empresário. O empresário se quiser botar guardanapo
na cabeça, que o coloque onde quiser. O problema é quem o acompanha e
quem paga a conta; este é o grande problema que devemos debater. Então, é
lamentável a postura da Delta que se equivoca neste momento.
Depois quero aconselhar a todos que leiam o artigo de hoje do jornal O
Globo, do jornalista Elio Gaspari, com o título: “Cabral quis ser
chique, foi brega”. O artigo do Elio Gaspari é implacável. Ele chega a
ser cruel com o Governador e há um momento em que ele diz: “É vulgar
puxar celulares no Louis XV e chega a ser brega filmar a cena, mas,
afinal, é uma noite de festa”. E nessa noite de festa tem momentos que
são constrangedores, do Governador chegar para o empresário e falar:
“Beija a sua mulher, abre a boca”. É uma desqualificação humana, não é
uma desqualificação moral, é uma desqualificação humana. É
constrangedor, é lamentável.
Eu não estou aqui para discutir o comportamento do Governador, dos seus
estratégicos Secretários, porque não é à toa que quem aparece posando do
lado do seu Canvendish é o Júlio Lopes e o Régis Fichtner; e quem
aparece nas bebedeiras é o Secretário de Saúde Sérgio Cortes. Não é à
toa que são esses os setores mais estratégicos para as noites
parisienses, de um lado os contratos com as empreiteiras, do outro lado
os contratos da saúde. Isso diz muito na arquitetura pemedebista de
poder no Rio de Janeiro; diz muito ao modelo de poder do PMDB do Rio de
Janeiro. Essas estruturas corruptas que têm nas empreiteiras e na saúde
as suas grandes fontes. Por isso eram eles que estavam presentes lá,
fora os outros bobos da corte.
Mas, Presidente, quero dizer que quando falamos da Delta, falamos de uma
empresa cujo patrimônio líquido nos últimos dez anos, cresceu
oitocentos e quatro por cento. Oitocentos e quatro por cento de
crescimento no patrimônio líquido nos últimos dez anos! Estou falando de
uma empresa que, de 2007 a 2011, teve mil quatrocentos e dezessete por
cento de crescimento nos investimentos no governo federal. É curioso
porque sempre se disse: “Olha, como é bom termos o governo estadual bem
articulado ao municipal, bem articulado ao federal”. Também acho muito
bom, mas não para isso, senhores! Mas não para fazer esse quintal de
pouca vergonha e fazer com que a Delta pudesse operar dessa maneira em
todos os governos! Talvez o problema não seja a Delta; talvez o problema
sejam os governos.
Então, é uma empresa que cresceu assustadoramente e que tem cem por
cento – cem por cento! – de seus negócios com o poder público. A Delta
tem todos os contratos com o poder público, hoje operando no Brasil
inteiro. Mas opera da maneira como aprendeu a operar no Rio de Janeiro,
com o PMDB do Rio de Janeiro.
Sr. Presidente, é curioso ver também para quem a Delta fez doações de
campanha. A Delta doou dois bilhões e trezentos - metade para o PMDB,
metade para o PT. A doação da Delta de 2010, da campanha. Vejam para
quem a Delta doou, para quem foi a doação de campanha da Delta, de 2010:
metade do valor, que não é pequeno, foi para a conta do PT; a outra
metade foi para a conta do PMDB. Está lá declarado. O que isso
significa, em termos de Rio de Janeiro?
E é com esse mesmo empresário, que tem isenções, que ganha contratos sem
licitação, que é doador de campanha, que o Governador viaja. Afinal de
contas, essa viagem foi ou não foi oficial? No momento inicial, disse
que sim; agora, diz que não. Se a viagem não foi oficial, quem pagou?
Quem pagou essa viagem? Se foi o empreiteiro que pagou essa viagem, o
Governador cometeu crime e tem que sofrer impeachment. Se não foi o
empreiteiro que pagou essa viagem, com que dinheiro o Governador pagou?
Só falta dizer que foi com o dinheiro da primeira-dama, que é muito bem
remunerada, porque advoga para as empresas concessionárias do Estado,
depois que ele assumiu o governo do Estado.
Então, é uma pouca vergonha; é uma pouca vergonha sem limites! Perderam
completamente qualquer limite! E a certeza da impunidade levou a essa
pasmaceira, a essas cenas patéticas, que têm que ter uma resposta desta
Casa.
Quero dizer, Sr. Presidente, que eu, mais uma vez, assim como diversos
outros parlamentares, estou entrando com mais um pedido de CPI. Vou
pedir para que assinem, porque, se eles não têm o que esconder, então,
não têm que ter medo de que investiguem. Já tem pedido de outras CPIs na
Casa. Está aqui o Deputado Paulo Ramos, que sei que já tem desde o ano
passado um pedido de CPI, mas estou apresentando outro, para analisar
todos os contratos da Delta. Vamos ver quem assina e quem não assina.
Porque essa é uma questão republicana. Temos que assinar todos os
pedidos de CPI para que possamos investigar esse absurdo.
E os requerimentos de informação. Os requerimentos de informação, que
esta Casa sequer publica. Deputado Paulo Ramos, no ano passado, sete
Deputados – nós dois entre os quais – assinamos um requerimento de
informação pedindo todos os contratos da Delta com o governo do Estado,
em junho de 2011. Até hoje esta Casa não publicou – não publicou - o
nosso requerimento de informação, o que será cobrado hoje.
Estou apresentando outro requerimento de informação pedindo cópia dos
contratos da Cedae com a Delta, porque também é um mistério, e tem
dinheiro que não acaba mais. Tem dinheiro que não acaba mais! Quero
saber quais são esses contratos. Esta Casa tem que dar resposta a isso.
Esta Casa não pode, neste momento, servir de esconderijo para cretinice
de Governador. Esta Casa, neste momento, tem que atender ao interesse da
população, e não atender à manobra de Governador, que sabe que a sua
‘breguice’ vai custar caro.
Quero, Sr. Presidente, dizer que, institucionalmente, nós estamos
agindo. Politicamente também. Mas institucionalmente. Temos aqui, então,
pedido de CPI, requerimento de informação, uma série de pedidos que são
fundamentais. E é muito importante que esta Casa faça isso porque o Sr.
Cavendish, em uma das gravações, diz – é o Sr. Cavendish quem diz: “Se
eu botar 30 milhões nas mãos de um político, sou convidado para coisa à
beça.” Não foi “à beça” que ele falou, não. Isso quem diz é o Sr.
Cavendish.
Quero saber o seguinte: ele botou 30 milhões na mão de alguém, ou um
pouco mais, para ser convidado para jantar em Paris ou não? Quem diz que
corrompe político é o Cavendish, o mesmo tão amigo do Governador.
Então, precisamos saber se é um caso só de amizade ou se é um caso
evidente de corrupção. Não tem outro nome, Sr. Presidente, é corrupção.
Termino com um pequeno trecho do texto de Elio Gaspari. Ele diz o
seguinte, Deputado Paulo Ramos, Deputada Lucinha, demais Deputados
presentes em plenário:
(Lendo)
“O álbum fecha com a fotografia de quatro senhoras gargalhantes, no
meio da rua, mostrando as solas de seus stilettos (duas vermelhas).
Exibem como troféus os calçados de Christian Louboutin. Nos pés de
Victoria Beckam (38 anos) ou de Lady Gaga (26 anos), eles têm a sua
graça, mas tornaram-se adereços que, por manjados, tangenciam a
vulgaridade. Não é à toa que Louboutin desenhou os modelos das
dançarinas (topless) do cabaret Crazy Horse.”
Sr. Presidente, em se tratando do cabaré Rio de Janeiro, vai ter muito Governo tendo que fazer topless para se manter.
Obrigado”
*Marcelo Freixo – pronunciamento no plenário da Alerj em 2/5/12.
Assista ainda ao pronunciamento feito por Marcelo Freixo, no dia 25/4, sob o título “Delta, Cedae,
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